top of page

IGAPÓ NO ENCANTO DO RIO



Meu barco ancorou justamente numa árvore despojada de folhas. Apenas uma orquídea ao alto mostrava o sorriso do reencontro. Pulei na canoa e fui remando, igapó a dentro.

Remador assustado, quando galhos esbarravam nos meus braços. Minha cabeça fazia reverência cuidadosamente, abaixando-se para que passasse debaixo das árvores caídas.

Certa vez, de noite, tive coragem de ir pescar no igapó com uma zagaia e uma lanterna, focando peixes que dormiam debaixo das raízes mergulhadas. Descobri que "po" significava raízes, e "ý", água. Lembrei de outras palavras como igarapé, igareté, igara, todas palavras que encantam meu pensamento nativo. Então, aprendi que "igapó" é terra alagada e habitada com raízes que servem de recanto de peixes.

Naveguei de tarde, vendo sempre raios de sol, desenhando na água figuras sombreadas de ouro.

Naveguei de manhã, cedinho, para ouvir cantos e voos de passarinho. Muita alegria e festa no igapó.

Outro vez, me assustei com uma cobra riscando a água, e meu amigo disse que era um tipo de cobra com pequenas asas. Lembrei- me um amigo filósofo, cuja tese de doutorado assinou três termos, usando as palavras Igara, Uka, Makira (a canoa, a casa e a rede) para escrever a barbárie na Amazônia em sete ensaios que chamou de irredentos. Aprendi a navegar nos rios, subir barrancos, remar nos igapós e se perder em cabeceiras de lago, onde os caminhos das corredeiras entre árvores secas viram labirintos. Experiências que temas de histórias que o povo conta. Dessas histórias, eu vivi umas delas em minha vida missionária, e registrei com o titulo: "Entre a cobra e o corpo santo".

Olá, que bom ver você por aqui!

Sou um parágrafo. Clique para adicionar o seu próprio texto e editar. Sou um ótimo espaço para que seus usuários saibam mais sobre você.

Fique por dentro de todos os posts

Obrigado por assinar!

  • Facebook
  • Instagram
  • Twitter
  • Pinterest
bottom of page