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A CACHAÇA NO RIO NEGRO, UMA IMERSÃO DE SAUDADE LUSITANA.

Antes de tudo, preciso colocar o contexto de que nasceu o conto, pois se tratava das letras da melodia de um artista. Estávamos recordando as músicas do compositor romântico, chamado Taiguara, com um amigo que encontrei no Parque do Idoso, em Manaus. O nome do amigo se parecia com o do compositor uruguaio. O ponto de partida para começar a conversa sobre história do Brasil, no tempo da ditadura militar, e chegar até a cachaça portuguesa.


Meu amigo, de nome bem parecido, prestigiava o compositor como seu xará. Lembramos a época dos festivais universitários do fim dos anos 60/70 e dos sucessos que contornaram as tristezas diante das torturas que aconteciam no Brasil.


Todos se lembram do pretexto de combater o comunismo e das supostas ligações de ativistas políticos com a Rússia ou Cuba. Consta em reportagens e avalições históricas que a censura trucidou a criatividade musical do Taiguara. Segundo uma jovem jornalista, que pesquisou a vida e obra do cantor e compositor, a primeira música dele que foi censurada pelo sistema de repressão do governo militar sequer tratava de política. Pode parecer exagero, mas teve umas 70 músicas censuradas.


Tenho um sonho e uma vida / Não me queixo do meu fado / não se eu quiser me deixar sair / me abre essa porta / ou dizer o que eu quiser / ou dançar ou descansar .....deixa eu ler um livro novo / e ser humano e livre”


Ao curtir essas letras e outras como "Universo no Teu Corpo", passou por nós o Gorbi, nome russo de um pai “vermelho” como ele mesmo dissera. O pai dera nomes de personagens da Revolução Russa, por acreditar num mundo bem diferente, sem opressão e sem tanta iniquidade social geradora da fome e das desgraças no mundo. Só não concordava com a violência armada que tanta gente matou, talvez tanto quanto a desigualdade e a concentração da riqueza na mão de pouca gente que atualmente faz mais da metade do mundo padecer. O pai do Gorbi e nós fizemos um acordo: estamos mais para Gandhi e para Jesus do que para Stalin ou Salazar de Portugal, terra do fado como “destino”, nascido do sofrimento quando da ocupação muçulmana.


Antes disso, voltando no tempo, a crise econômica em Portugal, que ocorrera após a expulsão das tropas francesas (Napoleão Bonaparte – 1810), provocou a revolução que pretendia retomar a colonização do Brasil e sua exploração. Nós também não conversamos sobre a Revolução dos Cravos de Portugal, já dos anos 70, bem mais recente.


Voltamos ao tema das músicas. O Gorbi não conhecia o fado português, como nós conhecemos o Taiguara, que é do nosso tempo de jovem. Ele aproveitou para contar um fato que aconteceu em águas amazônicas.

Verdade, ou exagero, foi algo muito interessante que ligava nossa eclética conversa, que ia de música, ditadura, revolução russa, portuguesa e a colonização do Brasil, só faltando o tráfico de escravos. Mas entrou a navegação de navios antigos, no porto de Manaus de antigamente.


O assunto foi a cachaça, cujo fato nos contou o parceiro Gorbi, cujo nome significa “homem criado da terra vermelha”. Mas aqui o assunto era a água cristalina que o “passarinho não bebe”. O Gorbi conheceu um mergulhador do encontro do Rio Amazonas e do Rio Negro, que nadava nas profundezas escuras das águas. Certa vez, encontrou um amontoado corroído, resquícios de um navio de ferro. Dentro dele, pegou uma caixa de cachaça, cuja tampa dava para ler que era um produto de Portugal.    


Destino ou não, a cachaça foi aberta e saboreada como néctar no encontro de amigos de idade avançada. E agora é contada entre aqueles que se reúnem como amigos, no Parque do Idoso, abastecendo o sonho de um mundo habitável para se viver com Justiça e Paz, sem necessidade de uma revolução violenta.


Obs. Créditos às fotos de Gisele. B. Alfaia -instagram @giselealfaia

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