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UM BICHO COR-DE-ROSA E OS MEDOS IMAGINÁRIOS NA ALMA.

É comum dizer por aí que o envelhecimento traz de volta a criança que fomos e trazemos viva dentro de nós. Também carregamos os medos que tivemos e as danações que encontramos para vencer os temores de difícil explicação. Quase sempre dizemos assim como forma de decifrar esta crença popular com uma certa dose de psicanálise freudiana.


Por mais que o avanço dos anos chegue, notamos em muitos idosos uma descontração e uma espontaneidade que nos faz o rosto rosado, tanto de quem conta, quanto de quem escuta as histórias.


Aproveito para contar a história de um palhaço que envelheceu de tanto achar graça e contar piadas para reprimir o medo do demônio que acreditou existir. Foi duro o caminho para voltar a ser alegre e brincalhão na velhice como fora na infância, antes de acontecer uma brincadeira que sua irmã aplicou.


Meu velho amigo usava suspensório para segurar a calça e o seu fraldão, que começou a usar quando o urologista recomendou ser o único jeito de segurar o xixi, antes de completar 80 anos. O suspensório com fivelas douradas era sua marca, desde o tempo dos seus cinquenta anos. Em um dos aniversários, recebeu vários presentes, e entre eles, ganhou um bibelô, em forma de ave que se parecia com um urubu. Não sabia dizer porque aquele bibelô metia-lhe medo e chamava seu passado triste. Não gostando do presente, mandou passar esmalte rosa para afugentar seus temores inexplicáveis que emergiram, depois de tantos anos de curado.


Certo vez, encontrou-se comigo e começamos a conversar sobre nossos medos. Contou-me detalhadamente uma experiencia, entre suas presepadas de criança. Era uma história mirabolante e inventiva que eu posso analisar como pseudo-terapeuta yunguiano (de Carl Jung)..


Meu velho desabafava que como criança, brincalhona e travessa, brigava com seu irmão e se reconciliava com ele, indo tomar banho nu junto com ele, de portas fechadas. A irmã mais velha desconfiava de estar acontecendo algo daquilo que no tempo chamavam de imoralidade.  Essa irmã, cuidadosa que era e educada nos rigores das normas morais, via muita coisa como pecado e tentação do diabo e, então resolveu pregar uma peça. Ela para convencer os dois irmãos para não se trancarem juntos no banheiro, mas passassem a tomar banho, cada um na sua vez.


Vejam a trama para aterrorizar os dois irmãos moleques:

Ele disse que a irmã, certa noite, enquanto dormiam de rede, pegou um pedaço de carvão e riscou na parede um urubu de asa aberta e unhas grandes, dando a impressão de voar para pegá-los, enquanto dormiam. Era somente um aviso. Além do mais, para completar o terror jogou, na rede dos meninos, pedacinhos de carvão. Assim, na lógica dela, era para cortar o mal pela raiz e não serem mais visitados pelo diabo.


Que horror ou que brincadeira de mau gosto! Eu escutava essa história e fui perguntando. E daí?Escutei bem o que meu idoso relatou. "Ao amanhecer, ainda sonolentos, espantamo-nos com o urubu de unha grande, riscado na parede e com os carvões jogados dentro da rede".


E prosseguiu:, sorrindo, sentindo uma alegria que vinha de dentro: "A culpa tomou conta de mim e me atrapalhou a conhecer o Deus que me ama. Achei que Ele podia perder-me para o diabo. Por muitos anos, abandonei a Deus e não queria pensar Nele como justiceiro, controlador, sempre insatisfeito, vigiando tudo o que eu fazia e pronto para me punir. Era horrível porque até a lembrança de Deus me fazia sentir-me mal e culpado. Parecia que sufocar meu medo era possivel, não ligando para a religião. Por um bom tempo de minha vida, senti-me perseguido. Foi então, que algo novo aconteceu na minha vida para me libertar desses sentimentos e ficar alegre com a descoberta e o amor de Jesus para sempre".

"Um homem bom, observando meu rosto acabrunhado, e diagnosticando meu impedimento para conhecer Jesus, não falou de religião e suas normas, mas anunciou-me o lado bonito e amoroso de Deus que Jesus revelou em sua vida terrestre".


"Falou-me de Jesus Misericordioso propondo ser amigo fiel, importando-se mais de amor do que com o pecado. O pecado maior era deixar de confiar no amor de Deus como Pai. Aí, mudou tudo", sentenciou o meu velho amigo dono de seu bibelô pintado de cor-de-rosa.


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